quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Carta ao jovem Lindemberg

wiki repórter
Mineirim das Gerais
Belo Horizonte-MG


Meu querido amigo Lindemberg (*),


"O indizível prazer de viver não se experimenta enquanto não começamos a encarar nossa vida como o principal dos trabalhos que devemos empreender."

Carlos Bernardo González Pecotche


Meu querido, permita que eu me apresente a você? Meu nome é Wellington, sou de Belo Horizonte, tenho hoje 34 anos e um filho de 13 anos. Faço pedagogia na Faculdade do Estado de Minas Gerais e estou desempregado no momento. Quero estar contigo no seu dia-a-dia, posso ser teu amigo?

Quero compartilhar com você algumas dificuldades que passei e que graças a Deus e a algumas pessoas boas, eu superei e ainda supero. A vida é assim, ora tudo é maravilhoso, tudo está ao nosso controle, ora tudo parece horrível. Eu disse parece horrível, meu querido, nada é pior do que acreditar que há momentos difíceis que jamais iremos superar e permitirmos a nós mesmo, reinar em nossa mente um sentimento de impotência.



Lindemberg, eu já passei fome e meus pais não sabem disso. Ao sair de casa, eu acreditei que seria capaz de superar a vida, eu não podia querer ser homem responsável pelos meus atos ainda dependendo de meus pais. Eu resolvi sair do lar deles. Se eu fosse lá e obrigasse eles a me sustentarem, não seria responsável. Eu tive que rebolar. Amo demais minha família, mas eu tinha que ter meu espaço, tinha que construir meu lar.

Morei com a mãe de meu filho por alguns anos. Quando ele nasceu, fiquei doente – ainda estou, tenho uma infecção nos membros superiores, nos ombros e cotovelos e punhos das mãos, doença que não tem cura.

Imagine você, com um bebezinho e de repente ser afastado do emprego e passar a receber uma quantia menor que o salário mínimo? Eu recebi uns R$ 600,00 em 1996 e passei a receber R$ 46,00. Eu tinha comprado de tudo para casa. Cara, fiquei desesperado, eu só encontrei uma saída: pedir que a mãe dele voltasse para a casa dos pais dela. Todos nós sofremos muito, principalmente meu querido Kevin.

Muitas mulheres não sentiram nada por mim e outras que me amaram já deixaram de amar. Não pude culpar nenhuma delas, pois não podemos obrigar o outro a gostar de nós. O que podemos e devemos é respeitar a individualidade e o desejo do outro de manifestar seus sentimentos, mesmo que os sentimentos não sejam os que gostaríamos que fossem.

Somos dotados de capacidades que auxiliam na reconstrução de nossa história de vida. Conte comigo, vamos ser amigos, a vida continua, eu sei que nem você sabe o que te levou a agir assim. Às vezes somos movidos por emoções que desconhecemos, eu te entendo. Venha e me dê às mãos, vamos superar tudo que lhe faz triste, mas para isso você deve amar a si mesmo.

Quando amamos a nós mesmos, somos capazes de vencer todas as dificuldades. Acredite em Deus e em você. Meu querido, volte para os braços de sua família, eles irão te aceitar com o mesmo carinho de quando você nasceu. Liberte sua ex-namorada, permita que ela seja sua amiga. Liberte a si mesmo. Você já viu uma estrela cadente cair do céu? Depois de fazer os três pedidos, volte a olhar para o céu e veja que novas estrelas nascem e outras permanecem no céu.

É assim a vida, vasta e infinita Acredite e seja sábio. Você irá encontrar sua nova estrela, ou quem sabe reconquistar a que você pensa que perdeu. Meu querido amigo, não somos nós que escolhemos os amigos certos e nem os companheiros no amor. É Deus que nos envia as pessoas certas.

Caríssimo irmão, a vida é somente uma, porém, seus estágios são muitos, e o que precisamos é enxergar e compreender cada etapa do viver. Para isso é preciso voltar-se para o universo das ciências, da sabedoria popular e para o encontro íntimo com o sagrado.

Ouça o que Deus te fala. Seja um homem consciente de sua consciência, consciente de como é estruturada a vida paralela, ou seja, o convívio com o outro. E se coloque no lugar do outro, não faça o que não gostaria que fizessem contigo.

Eu te espero.

Abraços fraternos!

wellbernardino@gmail.com
Wellington Bernardino Parreiras

(*) NOTA DO EDITOR - Lindemberg Alves,de 22 anos, mantém a ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, como refém desta a tarde de segunda-feira, em um apartamento de Santo André (SP). .

Publicado em 16/10/2008


Um comentário:

Anônimo disse...

muito bom amigo! parabens por seu dom de escrita!